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Lilíta e os doces

  • Foto do escritor: Liah Santana
    Liah Santana
  • 18 de fev. de 2020
  • 2 min de leitura

Declaro guerra à vida adulta! Não basta eu ter que seguir esse caminho estupido de buscar desesperadamente um emprego para odiar, ainda tenho que agir como se tivesse feliz com isso? Eu sei, a ursinha privilegiada aqui não tem do que reclamar: roupa e casa, tudo deixado pelos pais. Mas digamos que eu arranje o tal do trabalho, ganhe dinheiro, continue triste até me aposentar e depois o que? Se for para morrer infeliz e sozinha que seja agora, sentada na minha janela, comendo os doces que comprei com a grana dos meus quadros.

Veja a garotinha na praça da esquina, por exemplo, parece felicíssima em correr de um lado para o outro. Ta um frio da desgraça e ela de top e shortinho jogando futebol contra si mesma, mais confiante em sua solidão do que jamais estarei. Coitada, nem sabe que daqui para mais uns oito ou nove anos vai ta nesse mesmo dilema que me encontro agora. Ou não, talvez o mundo a cobre antes de crescer, ou nem cresça. Sera que vai lembrar desse dia?

Já imagino a manchete: "Ursa rosa se joga do quinto andar e é encontrada viva e revoltada". Sei que não devia, mas não consigo parar de rir só de imaginar os jovens robotizados dessa cidade tentando entender as circunstancias da ocasião. Capaz de acharem que foi caso de bullying e fazerem campanha usando minha cara de pateta. Quem sabe a noticia chegasse na minha ex-terapeuta, riríamos juntas com certeza.

É mais provável eu vomitar de tanto açúcar e acertar a cabeça daquele cara que parou a quinze minutos para olhar o celular e deve ter se afogado nas mensagens de algum grupo. Certeza que ia ser um choque tão abrupto que iria precisar de um bom tempo para entender e buscar nos céus a fonte de seu ataque. Poderia piorar um dia já estragado pela rotina ou criar uma ótima historia para quando chegar em casa. Será que é tão sozinho quanto eu? O imagino com uma linda esposa e dois filhos, como é de praste. O engraçado é que eu mesma já quis essa vida de casar com uma linda mulher e criar uma clássica família de fotografia. Desisti quando percebi que sou babaca demais pra ter alguém.

A vergonha que passei mais cedo ainda roda minha mente, se não fizer algo para esquecer me isolarei novamente e da ultima vez quase virei alimento de formiga. Comprar mais doces e não pagar a luz ou andar de graça pela rua a espera de que uma bigorna voadora me atinja ? Duvida cruel.

Vou dar uma chance a bigorna.

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