top of page

Germina

  • Foto do escritor: Liah Santana
    Liah Santana
  • 9 de abr. de 2019
  • 2 min de leitura

Ele plantou a semente da felicidade e eu fui uma terra difícil de cultivar.

Já fui antes usada para fins de autossatisfação de um moço triste que sugou de mim até a ultima gota. Foi um ciclo de colheita severa, parecia que eternamente eu ficaria ali, parada esperando o "dono" vir me dar um pouco de amor. Ocupava-me cem por cento e nenhum espaço sobrava para eu ser somente eu. Um dia resolvi incendiar a mim mesma para evitar que outra temporada viesse, doeu mais que qualquer coisa que já fiz mas valeu por cada milimetro que eu livrava daquela praga. Tempos depois veio outro moço triste, mas com essa semente que mencionei. Foi uma explosão de produtividade. Demorou para germinar mas os frutos eram doces como se de alguma forma eu pudesse ser especial. Durou pouco porém deixou que ficasse com as sobras do que fomos e foi disso que me mantive bem.

Cada vez que senti seu cheiro em alguém que passava ou li um de seus desabafos poéticos destinados a si próprio, uma pequena raiz se desenvolveu em meu coração.

Aos poucos a poluição de vícios e imposições cresceu e fui absorvendo aos poucos a maldade do mundo. Os incêndios se tornaram cotidianos e não parava de chegar mais e mais lixo de informações distorcidas.

Hoje parece que tenho uma rede de proteção de tantos pequenos inícios de vida secos que encobrem meu interior. Nenhuma planta inteira, nem uma sequer folha viva. Sou um planeta esquecido, condenado à eterna tentativa de implosão. Mas a esperança, que me poda de continuar morrendo e me fertiliza sem querer, é ver esses seres, tão apodrecidos quanto eu, brotando e fecundando uns aos outros com pequenas ideias que ocupam muito pouco mas se prendem ao solo firmemente. Eu vejo água surgir de onde eu só via atomos soltos, é um fenomeno incrivel de se observar. Me faz pensar que talvez haja como sobreviver afinal.

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
Hoje

Me pego contando gotas de um tempo maciço esperando o nada do amanhã, um vazio, um ecrã de sentimentos falsos pendurados sobre os ombros...

 
 
 
Ciclos e corais

Li em algum lugar que o hábito de catar conchas é prejudicial ao ambiente marinho, mexendo com todo um sistema que depende delas para se...

 
 
 
Cama de tijolo

Abro a porta e o cachorro da vizinha entra mais uma vez. Brinco com ele rapidamente e corro para o mesmo terminal por onde passo todos os...

 
 
 

댓글


Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square

© 2016 by Ecletismo Cronico. Proudly created with Wix.com

  • Facebook App Icon
  • Twitter App Icon
  • Google+ App Icon
bottom of page