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De segunda mão

  • Foto do escritor: Liah Santana
    Liah Santana
  • 25 de mar. de 2019
  • 2 min de leitura

Meus ciclos menstruais estão cada vez mais longos, minhas relações sociais cada vez mais curtas e me sinto num filme com a fotografia linda mas sem historia para contar. Ninguém avisa que o niilismo é, na verdade, a mais provável certeza do ser humana.

Lixo no lixo, toalha no varal, pratos na pia, sapato no pé e outro dia de vida. Correr para não perder o onibus, andar até a sala, responder perguntas e voltar para casa. Acho que esqueci como escrever as palavras comuns, então a prova de amanhã é uma certeza de fracasso. Nem mesmo fico triste com isso, é rotineiro me ver travada em questões desnecessarias que parecem emergir para reforçar que não quero estar aqui. Já cheguei no ponto que morrer é superfluo, é fantasia infantil romantizada de saída, o que quero mesmo é produzir algo realmente bom. Nem por isso os pensamentos param, as vezes até acho que vazam pelas minhas orelhas e escorrem no suor das minhas costas. A ansiedade acha que me ganha fazendo esse teatro de urgência para tudo, dramatização barata essa de fingir que quero chegar a algum lugar. To aqui todo dia, coçando meu proprio pé pra não olhar pra frente e ver que to sozinha. Fumo um beck e já to cansada de respirar, quem dirá andar pela cidade e olhar na cara das pessoas em vez de pro chão quente que rebate a luz no meu corpo. Se eu chegar a me mexer vai ser para essa minha estadia inospita faça alguém feliz. Sem todo o imaginario de encontrar amor, simples como nenhuma outra coisa: vivo para que os outros esqueçam um pouco que estão vivos e vivam sem medo de acabar. Sou a ilusão passageira de esperança e também o remédio doce que alivia a dor para em seguida voltarem para a realidade um pouco menos tristes. Sou exatamente o que ninguém precisa, o filme gratis para por na estante de memorias, o excesso sem razão de ser. Ninguém precisa ligar, é só sumir que recarrego minhas energias e to pronta para o proximo, usada mas utilitaria.

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