Ciclos

Coincidência o amor e a tristeza me inspirarem no mesmo nível? Acho que talvez seja mais fácil produzir quando minha mente não entende nada mais. Ficar chapado também funciona. É como se simplesmente meus dedos fossem levados a um destino incerto de textos e cores que vão aparecendo para mim de forma frenética. Sou louco ou você realmente não me conhece? É que fica difícil saber ao certo se um dia fui eu mesmo. Os padrões cumprem seu papel: vem o amor depois a tristeza ai a produção e as drogas, passa um tempo e tudo começa novamente. Me mergulho em tintas e as palavras me abraçam mais forte do que o moço que comeu meu coração. Sinto o meu corpo antes vazio agora se encher de sentimentos e líquidos variantes. As vezes lagrimas, as vezes umidade natural que escorrem por horas ou segundos eternos. Fico no limite de tudo, a beira de transpor de mim meu corpo e minha alma dança arrepios em pontos marcados desde o começo. A vontade é de correr sem levantar, ver a forma dos cheiros e tentar viver um pouco o pós-morte para se perder fora do mundo. É pedir demais botar tudo no mudo e sentir o silencio resfriar essa excitação? É que essa intensidade toda me lembra que não sei o que to fazendo e isso sim me faz querer entender algo. Ao sentar no meio do estúdio, que na verdade é só um quarto qualquer, é possível ver pilhas de coisas pinceladas e incompreensíveis objetos guardados sem proposito certo. Não é exatamente isso o amar? Juntar sentimentos desconexos num único ser para tentar dar sentido a eles? Pergunto sinceramente pois não estou apto a explicar nada, sou só um drogado despedaçado e triste esperando para saber o que fazer.