"Vende-se beijos"
- Liah Santana
- 3 de fev. de 2019
- 1 min de leitura
Aluguei minha boca a preço de água da chuva. De um em dois e depois três em três e de repente já são trinta que até sei, mas pouco me importa. O preço foi oscilando entre meu corpo e alma e uma dose de sentir. Chorei nos primeiros como se quisesse que cada um fosse único e bom, como se não estivesse ali puramente para ser jovem. Foi ficando mais fácil quando aceitei que estava trabalhando meu desconhecimento de mim e minha unica função ali era esquecer com goles e goles que regurgitava na manhã seguinte. De beijos não mais me sustentei e o corpo foi dado de vez a quem quisesse usar. Provoquei até o limite de me sentir entediada e fugi. "Confia em mim" disseram como num CD arranhado que me persegue desde então. Nem sei como cheguei aqui inteira se é o que me perguntaria se quisesse me conhecer, mas hoje olho fotos daquela menina boba que tentei ao máximo não ser e sinto pena de não ter lutado por ela. Escorre do meu corpo o medo de não ser aceita e eu deixo que esse sentimento se dilua no banho matinal. Miserável mas feliz eu cubro meu corpo da atenção que vem de dentro e transborda de mim cada vez que abraço aqueles que me ensinaram o que realmente é a amar. Hoje olho para o passado como quem espera ansiosamente o ônibus certo virar a esquina e te levar ao destino. Tudo foi o meio de chegar aqui e me olhar, cansada e sorridente, não precisar mas querer estar com alguém.
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