Natal
- Liah Santana
- 3 de fev. de 2019
- 2 min de leitura
O som desconexo do avião que corta esse céu triste me chama a atenção para a corrida de nuvens que ocorre logo ali. Nossas bikes, que desenham na imaginação o caminho de casa como se já estivesse traçado na rota mundial, nos relembram a distancia e o tempo em geral. Em poucos minutos já chegamos, afogados em ilícitos mas comemorando como só nos esse dia de paixão mundial. Um menino nasceu? Meu é que não era! Antes mesmo da meia noite já estávamos cansados de ser joviais e largamos nossos corpos ao dispor da tv e suas musicas tolas. O tapete da sala virou local de repouso para nossas matérias quentes cheias de doces e fumaças, até o meio da tarde seguinte quando levantamos para entender se todos permaneciam existindo. Foi quando percebi que não era possível que aquele grupo de suicidas desalmados não fossem a melhor família para nos. É como aquelas historias que ouvimos de pessoas que fogem com o circo, sabe? Só que em vez de trapezistas e palhaços assustadores, nos temos artistas drogados e depressivos que fogem de si mesmos para poder respirar melhor. Foi difícil largar nossas identidades e voltar para a casa onde somos filhos de alguém, moradores de algum lugar, estudantes de algo ou desistente de alguma coisa. Fiquei só e cada gota do meu suor que antes se misturava a risadas e tragadas profundas, virou sujeira do corpo de finjo não ter.
Hoje penso em tudo que veio depois e em como a amizade salvou a vida daqueles que souberam me amar tão bem. Cada um do seu jeito me fez continuar. Não precisava, mas ele beijou minhas cicatrizes mesmo assim. Cuidei do mais novo e me entreguei a mais velha para que me ensina-se a ser mulher. Os outros de igual forma preencheram o vazio e no meio de tudo me deparo com o tal espirito natalino e tenho certeza que a presença deles é meu melhor presente.
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