Moço
- Liah Santana
- 4 de dez. de 2017
- 1 min de leitura
Ele arrepia minha nuca com esse sorriso tímido que só uma verdadeira paixão pode exprimir.
Foi num dia qualquer que encontrei esse garoto sentado em suas decepções enquanto eu passava fumando as minhas. Aquele cabelo curto e andar cheios de marra podem enganar os leigos, mas eu reconheço um sobrevivente em qualquer lugar. Sentei ao seu lado, sem jeito de falar com alguém tão imponente, porém, depois de tantos olhares furtivos e risadas disfarças, eu cedi. Ofereci um trago e ele puxou a fumaça como se precisasse ser preenchido por algo. Não foi fácil olhar em seus olhos que nada pareciam temer e dizer qualquer coisa incerta, principalmente pela voz em minha cabeça que repetia sem parar para eu simplesmente ir embora. As palavras mal saiam da minha boca e já me pareciam denunciar toda a minha existência, apesar da falta de julgamento que tentou demonstrar em sua expressão. Nada sei sobre suas ambições, muito menos sobre o seu passado que pude ver em pedaços da ponta apagada no chão. Mas a serenidade em que pegou em minha mão e a respiração ao deitar em meu ombro me trouxeram a paz que somente quem luta todos os dias já aprendeu a compartilhar. Ele pediu para avisar quando eu cansasse dele. Ri de suas tão minhas inseguranças e não fui embora como era de se esperar. Eu fiquei para ver onde as drogas que me enfraquecem iriam levar alguém tão lucido e louco de tanto mudar.
Posts recentes
Ver tudoLi em algum lugar que o hábito de catar conchas é prejudicial ao ambiente marinho, mexendo com todo um sistema que depende delas para se...
Declaro guerra à vida adulta! Não basta eu ter que seguir esse caminho estupido de buscar desesperadamente um emprego para odiar, ainda...
Ela deixou um bilhete em cima da mesa da sala. Ou pelo menos foi como disse que fez. A conheci pedindo abrigo na pousadinha improvisada...
Comentários